GRUPO DE ESTUDOS
ABRH-RS
Responsabilidade Social e Sustentabilidade
por Raquel Dvoranovski
RELAÇÕES SUSTENTÁVEIS DE TRABALHO
Responsabilidade é a prática da vez. Prática essa não só correspondente ao meio ambiente, mas também às pessoas, aos processos, aos resultados, à vida. E como atingir essa atitude tão vaga e ao mesmo tempo tão necessária?
Falemos um pouco do momento que estamos vivendo, enquanto sociedade, através dos nossos processos de produção.
A empresa, composta por pessoas, busca produzir o produto que vende. Ela entra em contato com o fornecedor da matéria-prima, o pressiona para que o valor seja o mais baixo possível, não importando a forma como esse bem é retirado da natureza, nem o quanto é pago ao funcionário ou mesmo se esse valor é justo.
Depois a empresa, que também possui funcionários, faz pressão para que estes forneçam, com alta qualidade e em curto tempo, o produto tão almejado pelo mercado. Uma grande quantidade desse produto é despejado no mercado a consumidores que ansiosos aguardam, o último modelo (com mínimas alterações).
Até ai repararam algum problema? Talvez eles sejam tão recorrentes que já não notamos. Porém poderíamos observar como estão sendo construídas as relações estabelecidas entre os elementos desse processo (palavras grifadas).
A regra é: Alguém sempre ganha e outro sempre perde. No equilíbrio, que se faz necessário para nos transformarmos em uma sociedade sustentável, essa é uma prática que se faz obsoleta. Para atingirmos a sustentabilidade o nosso olhar, para com as relações que regem nossas vidas e os processos que nos envolvem, será mais atento e responsável frente às consequências das nossas escolhas. No futuro o valor de um produto já não será influenciado pelo quanto podemos cobrar pelo seu diferencial, por que o valor do lucro se perderá nessas mudanças, veremos que o que realmente importa é como foi obtido, quem beneficiou, quem pôde modificar realidades através dele, etc.
Nesta iniciativa, já existem os chamados indicadores de responsabilidade social e ambiental estão sendo implantados e cada vez mais cobrados, por parte do governo e da sociedade, como forma de atingir esse caminho ao qual todos nós estamos a nos encaminhar. Podemos citar o Ibase e o Instituto Ethos como as primeiras fontes e até hoje utilizadas, para mostrar o quanto as empresas repensam sua maneira de atuar, sendo mais íntegras nas relações entre outras empresas, seus funcionários, comunidade próxima e ambiente natural. Esses indicadores trabalham de forma a estabelecer parâmetros os quais mostram as reais atitudes e ações que esses organismos realizam ou não em prol de criar espaços onde os processos são repensados e geridos por todos.
Desmistificamos a ideia que o diretor ou gerente é o único que contribui e alavanca o desenvolvimento da empresa. Podemos observar esse fato através das grandes produções intelectuais, metodológicas e práticas que estão circulando nos nossos meios. A humanidade toma conhecimento do seu potencial individual e já não atende como massa unificada. Cada vez mais passamos a identificar o valor das trocas de conhecimento entre os seres, independentemente da sua condição e status. A partir desse ponto também repensamos nossas formas de nos relacionarmos com o ambiente e conosco e observamos como tudo está interligado.
Ter uma vida financeiramente estável e não estar satisfeito com o que se faz é a primeira das descobertas que vêm atingindo muitos trabalhadores pelo mundo. Esse indivíduo, que passa mais de 8 horas de seu dia realizando tarefas que não condizem com sua visão de mundo, cansa mais facilmente, atinge níveis altos de stress e sua produção torna-se baixa. Ele questiona seus valores. Descobre que não sabe quais são. Mas ele sente que falta algo.
Com isso, enxerga suas outras relações que também estão desconectadas de valores naturais do ser humano. Nesse momento de colapso, com o conhecimento que possui, ele visualiza novas formas de atuar e empregar sua energia. E a partir de agora este indivíduo vai propor intervenções no seu meio, agindo e contribuindo para modificar processos danosos à natureza, às pessoas e à sustentabilidade no planeta.
Passa a sentir-se pertencente à vida. E junto brota a responsabilidade de não mais reagir automaticamente aos estímulos externos. Nos encontramos nessa bonita era. Voltamos a vivenciar os valores que nos trouxeram até aqui e como eles são importantes para a continuidade de uma vida justa para todos.
A sustentabilidade já é o resultado das ações e questionamentos que nos propomos a fazer quando tudo parecia perdido. Essa tal responsabilidade não é vista como dever. É tida como um bem precioso disponível de forma infinita dentro de cada um de nós. Conhecemos os processos incentivadores da manutenção da vida e até mesmo de como restaurá-la. O tempo necessário torna-se aliado e entregue como recompensa por antigos erros.
O trabalho fornece um meio de estabelecermos comunidades em sintonia da vida, difundirmos nossas ideias criativas e fomentarmos a difusão da transformação diária que sofremos em nossos olhares, sentimentos e sensações. Aprendemos a vivenciar o trabalho como forma de vida.
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